Exposição "Nevoeiro" de Fernando Pessoa.



    Escreva uma exposição sobre o poema “Nevoeiro”.

NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer —
Brilho sem luz e sem arder
Como o que o fogo-fátuo encerra.
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
É a hora!

                                 Valete, Fratres.


Exposição o “Nevoeiro” de Fernando Pessoa.

    O poema “Nevoeiro” expõe o estado de Portugal durante a crise nacional, um país em crise política (“Nem sei”), neutro em relação ao mundo (“nem paz nem guerra”), que está carente de identidade própria e de valores morais (“Ninguém sabe que coisa quer”, “Nem o que é mal nem o que é bem”).

    Neste poema evidencia-se o Sebastianismo no título “Nevoeiro” e no verso 13 (“hoje és nevoeiro”). Esta crença perpetua ao longo de todo o poema e de toda a obra “Mensagem” e serve como suporte à crise e desânimo pelo qual os portugueses estão a passar.

    Estilisticamente, está presente uma anáfora (“Ninguém”) nos versos 7 e 8 e (“Tudo”) nos versos 11 e 12. A antítese está presente no verso 1 (“Nem paz nem guerra”), no verso 9 (“mal” e “bem”) e no verso 12 (“Tudo” e “nada”). Tanto a anáfora como a antítese suportam a crise de identidade pela qual Portugal está a passar. A apóstrofe está presente em (“Ó Portugal”) para referir o que é que se está a caracterizar no texto. A exortação final (“É a hora!”) revela o desejo e vontade de se cumprir Portugal. Por fim, este poema encerra a obra “Mensagem” contrastando com o passado glorioso de Portugal, através da necessidade de se redescobrir no desconhecido. o “Nevoeiro”.

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